quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

15. FGTS e INSS: o Hadouken e Shoryuken no trabalhador ou o Fatality com Flawless Victory do Governo.

Olá pessoal! Bom, fiz uma pausa no tema de investimento em ações para escrever algo que me revolta, e que, lamentavelmente, escuto quase todo o dia as seguintes frases:

- Tá maluco? E o meu FGTS? Não vou pedir demissão e perder a multa...
- Eu pago a previdência, pois penso na minha aposentadoria...
- Não vejo a hora de me aposentar (pessoas com 20 e 30 anos) pelo INSS...

Lembram do que escrevi sobre bancos na postagem 10. CDB, CDI e daí? Se é bom para os bancos não é bom para você, logo, se é bom para o governo, não pode ser bom para você!! Simples assim!
Como assim Feliz? Tá querendo me dizer que aposentadoria é furada??? Que FGTS é armação?? Mais ou menos..., o que quero dizer, e que defendo, é que isso deveria ser OPCIONAL ao trabalhador, ou seja, VOCÊ deveria decidir se quer que o governo tome conta do seu dinheiro, ou se você mesmo tomará conta dele.

Já ouviu falar em pirâmide financeira? Pois é, eu entendo e tenho a opinião que a previdência brasileira é a mesma coisa (reforço aqui, esta é a minha opinião, vide várias políticas ao longo do tempo para se aumentar a idade mínima de aposentadoria e valores de teto, entre outras coisas).

Vamos a um exemplo ilustrativo, isso ajuda a evidenciar o que quero dizer. Vamos supor que duas pessoas, que chamarei de Belarmino e Mafalda são dois trabalhadores registrados segundo as normas da CLT e recebem respectivamente $2.000,00 e R$ 5.200,00. Vejam o quanto cada um receberia ao final do mês (considerando somente os descontos de INSS, uma vez que o FGTS compete à Empresa recolher, e também sem incluir benefícios, descontos de Imposto de Renda etc., para ficar bem evidente). O Imposto de Renda eu acho o único imposto justo, pois incide no “lucro”, apesar de suas alíquotas elevadas e o que o governo considera despesa ou não, enfim, vamos deixar o imposto de renda de fora dessa.

Nome do Bill Goiaba
Belarmino
Mafalda
Salário Bruto
2.000,00
5.200,00
INSS
(180,00) – 9% de 2.000,00
(570,88) – teto.
Salário Líquido
1.820,00
4.629,12
Valor do FGTS
160,00
416,00

Assim o Sr. Belarmino receberia líquido $ 1.820,00 e a Mafalda $ 4.629,12. Mas teriam o “benefício” de poderem se aposentar ou ficar de licença pelo INSS, conforme as suas regras, e ao “benefício” do FGTS, caso percam o emprego, adoeçam, etc. Show de bola! Só vi vantagem! Pode descontar que vale a pena! Será mesmo?

Vamos primeiro ao FGTS. Qual é a remuneração do FGTS anual? 20%? 10%? A remuneração da poupança, vai? Não... módicos 3% até 2015 e a partir de 2016 passará para os grandiosos 4%, em 2017, 4,75%, em 2018 5,5% e finalmente em 2019 passará a ser corrigido conforme a poupança (se forem confirmados os reajustes)! Pasmem!!

Assim, qual o valor dessas correções ao longo do tempo? O Belarmino se continuasse ganhando o mesmo salário (o que é difícil, pois há correções todos os anos, promoções, poderia, também, estar um tempo desempregado, e etc., assim foi considerado o tempo constante) teria um FGTS no valor de R$ 178.535,83! Nossa excelente, mas Feliz, você esqueceu que ainda tem a multa de 40% (lógico, considerando somente a parte que o trabalhador receberia)! Ok, assim, o valor seria de R$ 249.950,16! Um belo malote! Será? Vamos ver mais a frente...
E a Mafalda? Bem a Mafalda teria um malote bem maior que o Belarmino, teria um FGTS de R$ 649.870,42. Nossa, show de bola! Já daria para comprar um belo apartamento! Será?
Bom, o INSS não haveria resgate, assim, o valor contribuído só retornaria no final como “benefício” da aposentadoria, ou seja, o salário do aposentado conforme cálculo a ser definido pela legislação vigente (o teto para 2016 está previsto por volta de R$ 5.203,00 mensais).

E se a Mafalda e o Belarmino optassem (como se isso fosse possível) por eles mesmos gerirem o próprio dinheiro? Bom, a história seria bem diferente... Preparado para os valores?

Aplicando os valores mensais do FGTS, ou seja, se a empresa ao invés de recolher para o governo depositasse no investimento ou na conta do funcionário, nesse caso o Belarmino e a Mafalda, a 1% ao mês em um investimento ultra conservador, (sim, há várias opções com remunerações por volta de 1% ao alcance de todos, inclusive entre 1% e 3% existem várias opções atualmente) o Belarmino teria R$ 559.194,26 só com os recursos do FGTS, e a Mafalda, R$ 1.453.905,08 em final de 2044 (ou seja um intervalo de 30 anos a contar do início de 2015).

E se juntássemos os valores descontados do INSS? Novamente aqui ao invés da empresa recolher ao Governo e depositasse na conta dos funcionários o INSS, a Mafalda teria mais R$ 1.995.205,12 e o Belarmino mais R$ 629.093,54.

No total o Belarmino teria R$ 1.188.287,81 e a Mafalda R$ 3.449.110,20 ao final de 30 anos de investimentos constantes a 1% ao mês!!!
Só com esse valor acumulado já proporcionaria uma receita mensal de R$ 6.718,70 para o Belarmino e de R$ 19.501,61 para a Mafalda (isso considerando uma taxa bem humilde, a da caderneta de poupança, a 7% ao ano ou 0,56541% ao mês).

Logicamente os valores calculados dos investimentos não consideraram o imposto de renda, mas mesmo que este fosse considerado, o valor do Belarmino acumulado estaria muito próximo de 1milhão e a da Mafalda bem próximo de 3 milhões.

E antes que se comente a respeito do “fundo social” que esses recolhimentos representam, reforço, um governo bem administrado, com a arrecadação dos impostos e contribuições como ICMS, IR, CSLL, IPI, PIS e COFINS é suficiente para cobrir TODAS as demandas, o problema é o tamanho do nosso Estado atualmente. Desculpe, mas não me convenço do contrário.
Veja o quadro resumo:



O meu objetivo com esse texto e exemplos é demonstrar como as informações podem ser distorcidas ao longo do tempo. Sempre desconfie quando algum político ou sindicalista vier com o discurso: “É um benefício para o trabalhador!”; “Foi o Governo tal que criou o seguro desemprego!” e por aí vai. SEMPRE DESCONFIE! Faça as contas! Sempre será melhor se tivermos a opção de NÓS mesmos tomarmos contas do NOSSO próprio dinheiro.

Antes que possam pensar: ”Poxa, mas vai levar 30 anos para acumular esse valor, não posso esperar até lá”. Ledo engano, em ambos os exemplos, a mesma quantia do salário já pode ser verificada por volta do 16º ano de aplicação. Exemplo, o Belarmino já teria o mesmo valor do seu salário, R$ 2.000,00, em rendimentos do seu investimento por volta do 16º ano e a Mafalda teria por volta de R$ 5.200,00 por volta do 15º ano de investimento.

Outro detalhe que você pode se perguntar: “Ah, mas se eu estiver pagando o INSS e acontecer um acidente ou problema de saúde, terei o benefício de auxílio doença e etc.”. Outro velho truque do Governo para acharmos que ele é bonzinho.  Você sabia que há seguros de acidentes pessoais, de vida e afins que custam em média R$ 100,00 ... por ANO!!! Sim, menos de R$ 10,00 por mês, que podem cobrir da mesma forma que o INSS, só que melhor.
A dica nesse texto é: Sempre procure investir o mais cedo possível. Não caia na conversa fiada de que os rendimentos são baixos, os juros compostos trabalham com o tempo. No início pode ser pouco mesmo, mas no decorrer do tempo eles aumentam. Procure pensar através de metas, pretendo ter “x” reais até o ano “Y”.

Imagine da seguinte forma: Se você começar a investir desde os 16 anos de forma constante R$ 200,00 a 1% ao mês, por volta dos 36 anos já terá condições de ter uma renda extra por volta de R$ 2.000,00. Da mesma forma para se ter o tão almejado “primeiro milhão”, bastaria investir R$ 1.000,00 ao longo de 20 a 21 anos.
Não caia também em contos de alta remuneração: “aplique no fundo que superou o Ibovespa em 200%”, “rentabilidade 500 vezes maior que a poupança”, enfim, use a máxima da tartaruga: devagar e sempre!

Reforço: Se é bom para o banco e bom para o governo, não é bom para você!
Tenho a esperança que um dia isso seja opcional, entretanto, enquanto isso, continuaremos a levar Hadouken e Shoryuken do governo.

Até o próximo texto!
Eduardo Felicíssimo




Nenhum comentário:

Postar um comentário