quinta-feira, 4 de abril de 2013


4. Fluxo de Caixa, Regra dos 10 dias e Lembrancinhas.

            Hoje abordarei um tema que é determinante para uma boa saúde financeira, o famoso fluxo de caixa. Na postagem de 28/03/13 comentei sobre a opção de comprar ou alugar um imóvel, o detalhe determinante entre as duas foi justamente o fluxo de caixa. Numa situação havia fluxo de caixa positivo (maior que zero) e na outra havia fluxo de caixa zero, traduzindo, numa situação sobrava dinheiro, na outra o dinheiro cobria somente as despesas mensais e nada sobrava para aplicar (investir).
            Por onde começar na montagem do fluxo de caixa pessoal? Simples, use a regra dos 10 dias. Beleza, bacana, que diacho de regra é essa? (Lembrei-me de algum filme nacional na hora de escrever diacho, não resisti, rsrsr). Exemplo, se você recebe o salário, pensão, benefícios, e etc., no dia 25 de cada mês, coloque os vencimentos de despesas recorrentes (aquelas despesas que ocorrem em cada mês) para 10 dias após esta data, ficando estes com o vencimento no dia 05 de cada mês. Se você recebe no dia 05 de cada mês, coloque o vencimento destas despesas no dia 15 de cada mês. Qual o porquê disso? Pode deixar, eu explico, você terá maior mobilidade financeira, caso haja algum feriado no meio de semana que impossibilite transações bancárias, greve de bancos, se a empresa em que você trabalha adiar um pagamento de salário, e até mesmo para questionar faturas e solicitar envio de segunda via de contas. Mas o principal é em relação a investimentos simples, especificamente poupança. Outra informação importante reside na organização deste fluxo, pois o ideal é que você organize de 70% a 100% das despesas para um único dia.
            Este fluxo pode funcionar de maneira espetacular com investimentos e cartão de crédito. O princípio é simples, geralmente as faturas de cartão de crédito são geradas em 40 dias, compreendendo 30 dias de “compras” durante o mês e mais 10 dias (viu como essa regra é importante!) para que esta chegue à sua residência via correio, nestes 10 dias as despesas ingressarão na fatura seguinte, o que ajuda no fluxo mensal.
            Vamos usar as despesas mensais do casal da postagem anterior. Estas despesas totalizam R$ 1.500,00 por mês, imaginemos que estas despesas sejam, “compras de mercado”, roupas, lazer, enfim, despesas que possam ser pagas com cartão de crédito. Para o fluxo funcionar no primeiro mês deve-se ter o dobro do valor disponível, ou seja, neste caso de R$ 3.000,00 na conta. O vencimento da fatura é todo dia 05 (respeitando a regra de 10 dias após o recebimento de salário, que neste exemplo será dia 25), assim, nestes 10 dias livres pode ser feito o seguinte procedimento:

Etapa 1: dia 25 de janeiro, o salário caiu na conta (que beleza!! Maravilha!!), deixando R$ 3.000,00 na conta.
Etapa 2: dia 25 de janeiro, aplica-se os R$ 1.500,00 na poupança.
Etapa 3: dia 05 de fevereiro, paga-se a fatura com os R$ 1.500,00 que restaram na conta.
Etapa 4: no dia 25 de fevereiro, cai o salário na conta novamente. Desta vez, separa-se somente R$ 1.500,00 e os aplica na poupança.
Etapa 5: no dia 05 de março, regata-se a aplicação na poupança R$ 1.500,00 e paga-se a fatura do cartão de crédito.
Etapa 6: repete-se o ciclo a partir da etapa 4 nos meses seguintes.

            Este fluxo gerará um valor em princípio pequeno, R$ 6,15 (R$ 1.500,00 x 0,41% juros da poupança = 6,15), mas uma vez aprendido o princípio o fluxo vai sendo expandido para valores cada vez maiores.
            Ao final de 1 ano, teríamos R$ 73,80 gerados simplesmente aproveitando a brecha dos 10 dias do fechamento da fatura do cartão. Este valor continua sendo pequeno, é verdade, mas pode servir para pagar a anuidade do cartão de crédito, investir esta soma no bolão da mega sena da virada no final do ano (o que faço sempre rsrsrs), comprar um monte de bugigangas de R$ 1,99 para dar de presente para os familiares no natal (tá bom, quem nunca deu uma lembrancinha, principalmente para a sogra??!! Brincadeira hein!!), enfim, ajuda de alguma forma.
            Lembro que para isso não foi preciso abrir mão de consumir nada, apenas que se tenha o dobro do valor no primeiro mês do fluxo, esse rendimento é grátis! Tudo graças ao fluxo! Logicamente que as faturas dificilmente apresentam o mesmo valor, mas se você tiver a disciplina e acompanhar seus gastos através da fatura pela internet, já saberá quanto deverá separar aproximadamente no mês seguinte.
            Na próxima postagem falarei mais especificamente sobre cartões de crédito, que muita gente chama de “vilão”, “desgraça”, “fundo do poço”, entre outros nomes igualmente bonitos, mas que pode ser um forte aliado nos investimentos.
            Até a próxima postagem!
                       
Eduardo Felicíssimo

Um comentário:

  1. Gostei dessa lógica! Lembra o mesmo pensamento do livro Pai Rico, Pai Pobre, onde o Pai Rico diz que devemos primeiro nos pagar, antes do governo e etc. Mas sem inadimplência é claro.

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